Neste contexto tão adverso imposto pela pandemia, a rotina médica que já era desafiadora ficou um pouco mais delicada. Especialmente nestes últimos meses, profissionais da saúde têm dedicado sua vida diariamente para garantir o bem-estar – e muitas vezes a sobrevivência – de seus pacientes, colocando seus sonhos e autocuidado em segundo plano.
Com longas horas trabalhadas, poucas dormidas, distância da família, momentos de tristeza, perdas e insegurança, como fazer e por que é tão importante que essas pessoas reflitam sobre sua saúde mental?
O primeiro passo é compreender que um médico entende de saúde como poucos, mas isso não significa que a sua própria saúde esteja totalmente blindada.
O QUE OS MÉDICOS DIZEM SOBRE O ASSUNTO?
De modo geral, boa parte dos médicos estão cansados e precisam de apoio um do outro, mas são poucos os que conseguem enxergar essa realidade. Menor ainda é o número de indivíduos que tomam alguma atitude diante das dificuldades.
Um estudo conduzido pelo site locumstory.com ilustra muito bem este cenário. Dos 3.700 médicos avaliados, 74% relatam enxergar sintomas claros de esgotamento em seus colegas de trabalho, mas apenas 52% reconhecem o quadro em si. Destes, a maioria menciona episódios frequentes de irritabilidade, apatia, fadiga, perda de memória, insônia e baixa atenção.
Veja bem essas outras informações:
– 51% entendem que a carga de trabalho já afetou a saúde mental em algum momento, mas só 17% procurou ajuda.
– 33% dos médicos sequer cogitam a hipótese de buscar a ajuda de um psiquiatra ou psicólogo.
– 53% consideram a saúde mental um tabu a ser discutido na profissão.
QUAIS OS EFEITOS DO ESGOTAMENTO SOBRE A SAÚDE DO MÉDICO?
Além dos sintomas mencionados acima, os profissionais ouvidos pelo estudo também afirmam já ter sentido momentos de raiva, ansiedade, depressão e adoecimento frequente.
Quando pensamos nas consequências a longo prazo, fica ainda mais evidente a importância de falar abertamente sobre o assunto e adotar uma postura cuidadosa.
O esgotamento mental negligenciado tem efeitos negativos sobre o relacionamento com os colegas de profissão, satisfação com o trabalho, atenção com o paciente, relacionamentos pessoais, lazer e descanso. É como um ciclo vicioso.
A maioria dos entrevistados lidam com essas dificuldades tirando férias, se exercitando e passando um tempo com amigos e familiares, mas poucos recorrem a um tratamento profissional, como a terapia. Cafeína, álcool e comida, inclusive, são saídas mais adotadas.
10 PASSOS IMPORTANTES PARA CUIDAR DA SUA SAÚDE MENTAL
– Tenha sempre um tempo reservado para reflexões e descansos;
– Evite o uso de álcool e outras drogas;
– Leia, pesquise e pratique técnicas de gestão de tempo e produtividade;
– Leia, pesquise e cuide da sua vida financeira. A preocupação com as receitas, contas e dívidas também influencia no estresse;
– Respeite os seus limites físicos e mentais, garantindo boas horas de sono entre os plantões e dias de trabalho;
– Especialmente nesta pandemia, mantenha-se conectado com quem você ama, mesmo que virtualmente;
– Sempre que possível, tenha momentos de lazer. Lembre sempre do que funciona para você;
– Apoie-se nas experiências positivas que colheu ao longo da formação e de toda a trajetória profissional;
– Busque ferramentas que complementem sua rotina médica, reduzam burocracias e te auxiliem com a produtividade no consultório;
– Faça um acompanhamento psicológico frequente, mesmo que tudo pareça bem.
Caso identifique sintomas de esgotamento, depressão e ansiedade que insistem em permanecer, considere buscar o apoio de um psiquiatra.