Construir um bom relacionamento com o paciente é fundamental para a saúde dele e da sua clínica! Isso porque se por um lado o paciente busca uma conexão na consulta, uma vez que deseja ser acolhido e ouvido quando trata de suas angústias e problemas, por outro a forma como tais desejos são (ou não) satisfeitos pode ser determinante da fidelização desse paciente.
Indo na contramão disso, um artigo do The New York Times de 2013 já alertava que, nos Estados Unidos, as consultas com médicos jovens não passavam de 8 minutos. E o dado mais impressionante: os profissionais costumam levar apenas 11 segundos para interromper a fala do paciente sobre o seu estado geral, angústias e preocupações.
No Brasil, a realidade não é diferente. Um estudo que contempla as cidades de Ribeirão Preto, Campo Grande, Ponta Grossa, Fortaleza e o estado da Paraíba evidenciou que o tempo médio da consulta girava entre 7 e 8 minutos.
Ou seja, o médico não olha para o paciente, não se conecta com ele. Mas como isso pode ser mudado?
7 DICAS PARA CRIAR UMA CONEXÃO REAL COM O PACIENTE, SEGUNDO UM PSICÓLOGO
Óbvio que a decisão de adotar uma abordagem mais humanizada deve partir do próprio médico e do seu comprometimento com a missão de cuidar de pessoas, promovendo saúde e bem-estar. Mas para ajudar os médicos que desejam fazer isso e não sabem por onde começar Thomas Egnew, coordenador de Ciência Comportamental da Tacoma Family Medicine, nos Estados Unidos, desenvolveu recomendações para uma boa relação médico-pacientes.
Para ele, sete pontos são essenciais na construção do relacionamento médico e ele apurou cada um deles com base em dados científicos – ainda que não haja corroboração científica para a eficácia de todos eles usados enquanto uma estratégia única. Os pontos variam desde dar mais atenção ao paciente a se permitir sorrir e rir mais. São eles:
1. Foque no paciente: Se prepare para a consulta. Busque entender e se concentrar na próxima pessoa que irá se consultar. Respire entre um atendimento e outro e busque analisar o que você sabe sobre a pessoas que vai entrar no seu consultório, o que gostaria de aprender desse paciente que ainda não sabe, qual o motivo da consulta, entre outros detalhes que devem ser pensados e explorados.
2. Estabeleça uma conexão com o paciente: Utilize o primeiro momento da consulta para se conectar com o paciente, tanto no nível interpessoal quanto no intelectual. Questione, converse e crie um vínculo. Uma boa dica para isso é perguntar sobre os filhos, a família, alguma situação que ela passou e te contou em outra oportunidade e ouvir atentamente a resposta. Mas não se trata apenas de ouvir, como também interagir respondendo e/ou fazendo contato visual e gestos. Analise com cuidado como o paciente está emocionalmente. Algumas vezes, isso pode ser importante para o diagnóstico. Se mostrar interessado no que é importante será de grande importância para estabelecer uma boa relação.
3. Avalie a resposta do paciente à doença e ao que está sentindo fisicamente: O diagnóstico e tratamento são essenciais, mas também é importante entender como o paciente está lidando com a doença. Por isso é importante estar atento às pistas que aparecem enquanto conversam sobre a rotina, como “subir as escadas está ficando difícil”, e coisas que podem mostrar detalhes necessários para a compreensão da doença e de como ela está afetando, emocional e fisicamente, a pessoa.
4. Comunicar-se para promover a cura: uma pesquisa feita pelo psicólogo Carl Rogers comprovou que, na hora de aconselhar o paciente, o médico precisa de três coisas: ser autêntico; mostrar aceitação, mesmo que não concorde com as ações da pessoa; e compreender, sendo sensível ao momento ou condição. Quando a relação com a pessoa é complicada, o médico terá ainda que conduzir com outras duas habilidades: a de se comunicar sobre o que está acontecendo.
5. Use o poder do toque: A regra costuma ser sempre tocar na parte que dói, mas nunca tocá-la primeiro. Um aperto de mão, um tapinha no ombro e outros gestos que transmitam confiança e tranquilidade podem acalmar os pacientes mais agitados. Mas deve ser pensado de paciente para paciente. Para aqueles que sofreram algum tipo de abuso, por exemplo, o toque pode transmitir dor, por isso deve-se ter paciência para construir a relação e deixar a pessoa mais confortável. Pacientes de outras culturas são outros exemplos que podem sentir-se desconfortáveis.
6. Sorria um pouco: O humor aproxima! Por isso se você deseja estabelecer uma conexão use deste artifício para ajudar o paciente a relaxar e até mesmo a transmitir informações mais tranquilas. Mesmo que a medicina seja séria, a risada ou até mesmo um simples sorriso podem transmitir calma e diminuir a raiva ou frustração do doente.
7. Seja empático: Tentar compreender a experiência do paciente é extremamente importante não só no relacionamento com ele como também pode para a fisiologia. Uma pesquisa mostrou que os médicos empáticos conseguiram influenciar no controle glicêmico e níveis de LDL, o que não aconteceu com pessoas cujos médicos têm menos empatia. Lembrar-se sempre de mostrar empatia, dizendo coisas como “deve ser muito difícil”, “imagino que esteja se sentindo mal”, pode ajudar a melhorar dia a dia.
Em geral, o que essas dicas resumem é: olhe e converse de verdade com o paciente. Cada pessoa tem uma história específica e o médico precisa ter tato para avaliar se vale a pena recorrer a todos esses pontos. Por exemplo, vale a pena usar o senso de humor com uma pessoa que se mostra pouco aberta a isso? Há situações e situações!
COMO VIABILIZAR ESSAS MUDANÇAS?
Mas a questão que certamente fica para o médico que chegou até aqui é: como adotar todas essa medidas (ou, pelo menos, parte delas), levando em consideração o número de pessoas que precisam ser atendidas no mesmo dia e o esgotamento físico e emocional que tal interação gera? O uso de tecnologia pode ser a resposta.
Além de poupar esforços, a tecnologia pode poupar tempo. Por exemplo para executar essas dicas você precisa de tempo disponível na consulta e várias ferramentas podem te auxiliar nesse processo!
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